Ontem vaguei a esmo pela cidade. Acho que gastei um quarto de tanque só para fumar unzinho. Foi bom. Fui em lugares que há muito não ia. A plácida paisagem da Ermida continua a mesma, só estranhei a demora dos ipés em florirem. E continua, a despeito de toda controvérsia, lindo o Palácio da Alvorada. Aproveitei que estava por ali e fui em direção ao cerrado que não há mais. A especulação imobiliária desta cidade está foda. Só que agora as invasões são de pequenos burgueses expulsos pelos preços proibitivos da opulência que se instaura na cidade. Palhaçada... pessoas que se dizem informadas dando uma de João sem braço. A histeria da classe média é medida na razão direta de sua hipocrisia. Mansões de um mau gosto terrível dominam a paisagem e não entendo patavina de Arquitetura. Apenas moro, cresci e amo uma maquete.
Uma cena me despertou curiosidade. Havia uma moça triste e solitária apreciando as águas paradas no ar do planalto. De supetão ela se levantou e desabalou a correr. Sua silhueta fina, comprida e pernas desmedidas davam a impressão de uma siriema correndo. Me lembrei da fazenda de meu avó. Siriema era praga. Da porteira até a sede era possível contá-las em centenas. Bicho mais engraçado. Desconjuntado, burro e adorável em seu canto ressequido pelas chamas das queimadas na seca de meio de ano. A mocinha estancou de repente. Olhar perdido parecia não entender sua atitude patética de siriema espevitada. E me desinteressei pela cena.
Saindo dali pensei em ir visitar meu compadre, a quem não vejo uma data. Desisti. Ando muito anti social e não estava querendo conversa com ninguém. Resolvi fumar outro enquanto voltava para casa.
Na descida para a ponte JK ganhei um belo presente. Um daqueles poentes de maio que só o céu daqui nos oferece. Pintado de um amarelo alaranjado o sol descortinava um azul profundo se misturando em pinceladas sutis de rosa. Realmente o cerrado mostra toda sua beleza é na seca. Acabei parando por ali e por ali fiquei até que um guarda de trânsito veio me apresentar uma bela multa por parar em local proibido. É... para uma obra de arte até que ficou barato. Fui.
segunda-feira, 14 de julho de 2008
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