sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Pinico de Ouro

A minha mão inábil sempre quer dizer coisas inteligentes e não consegue; e eu sempre as transcrevo aqui, na suposição de que sua ignorância passe despercebida. No presente momento o país é assolado por uma fetidez que me causa engulhos. Porque, convenhamos, há pulhas em demasia. A mentira, o engodo e a hipocrisia reinam e os homens continuam os mesmos boçais, vociferam os mesmos miasmas e dizem amar as massas. Os intelectuais, os grandes escritores, os artistas mentem. Todo dia, ao ligar a televisão, vejo pessoas ensandecidas se esgoelando totalmente histéricas diante de políticos patetas, e só se ouve a gritaria, a cólera de atoleimados.

Daqui a nove dias é o dia 3 de outubro, data oficial para as eleições em terras de Pindorama, e nada me leva a crer que possamos mudar nossa situação caótica, miserável, assustadoramente vil. Menos aqueles que todo mundo sabe: Sarney, Temer, Serra, Dilma, Roriz, banqueiros, empresários corruptores, imprensa vendida, deputados com verbas astronômicas para tratar das hemorróidas – as minhas vivem à custa do INSS. Ainda por cima somos assaltados por sábios argumentos demonstrando o novo, a sagacidade do detalhe inédito, inexplorado, um ponto de vista que escapou aos grandes mestres.

E nossa mentecapta inteligência nacional, como já observado no início do século vinte por certo cachaceiro inválido, não admite que tratem de política senão os cientistas políticos; e de altas idéias os baluartes da raça; quando, em verdade, nem uns nem outros se preocupam com tais coisas. Apenas o convescote da partição do butim ocupa as mentes desses dementes. Na verdade incorro em um erro grave. Parvos somos nós que em nome da democracia os colocamos para arbitrarem a educação de nossos filhos, como a mais absurda lei sancionada nesse país recentemente. O Estado, que era para ser quase invisível, se imiscuiu de tal forma na vida dos indivíduos que já não passamos de marionetes nas mãos medíocres dos BBBs de plantão.

Mais não falo, pois minha ânsia de vômito é enorme e preciso urgentemente do meu pinico de barro. Já o deles é de ouro maciço.