quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Efemérides

Meu único leitor, traga vinho tinto do melhor, acenda os fogos, convoque os palhaços, atores e dançarinas, distribua fartamente o absinto e música, muita música. Monte-se o espetáculo das efemérides. Taí, achei a palavra exata: efemérides. Eis que estamos um mês no ar, pelejando, escrevendo e peidando. Vou pedir aos deuses a promulgação de feriado intergaláctico, suspendam todas as atividades da eternidade para tecermos louvores ao dia. Trinta dias maculando o papel branco com mal-traçadas linhas, quatro semanas ardilosas, incompreensíveis a mim mesmo. Tempo onde, muitas vezes, ou melhor, na maior parte das vezes, estabeleci uma conversa da mão com o pênis, sêmem jogado na lata de lixo da história.

– O Parágrafo anterior sou estranho. Sêmem? Porra, qual é meu camarada? É porra mesmo. Deixe de viadagem e siga o caminho do blog. Em verdade vos digo, caro irmão e único leitor, na hora de pouparporra o cara, digo, o narrador, gastou. Sabe aquele ditozinho: perdeu uma grande oportunidade de ficar calado? Pois é, eis o caso. Sem se falar na conversa da mão com o pênis. É punheta meu camarada. E pênis é pica. Acho que esse cara não entendeu o espírito do blog. Qual sua opinião meu leitor exclusivo ? –

Nada mal para um escriba pouco criativo, sem domínio da tinta e pouco dado ao cartesianismo. Não nos queixemos, meu único leitor, ainda há vida após o chocolate. Apesar da imagem imprópria, comparo este blog com uma gravura difusa, dissipada pelo tempo, como se fosse um objeto colocado no canto de um quarto em penumbras onde mal se divisa traços e linhas.

Lembro quando decidi fazer esse diário de crônicas. Aconteceu em função de uma brincadeira de butiquim, um daqueles infelizes ditos que ficam grudados feito tatuagem na pele do autor. Lamentavelmente tive que tirar a crônica na qual explicava a razão do título, mas sigamos em frente. Procurando exercitar a escritura não demos moleza à preguiça. Falhamos alguns dias, é verdade, nada indigno para coisa de tão pouca monta. Mesmo porque ao mundo não foi dado conhecer tais furos.

– Creio ser melhor eu mesmo fechar essa crônica. O cara se excedeu em seu parnasianismo e é necessário colocarmos a pinga nos is. "Mais um dose? É claro que estou afim". Dupla para mim poeta e deixemos dessas coisas e afirmemos: viadagem aqui não, nada pessoal meu caríssimo poeta carioca e demais alternativos. Mesmo porque esse blog é politicamente incorreto e não aceita essas qualirices coercitivas. Tá me entendendo? Explico-me ou complico-me: quero dizer que aqui é a crueza das ruas que importa, a adaga do palavrão, o dedo na ferida cristã e todo e qualquer tipo de coisa ordinária, sobretudo, as proibidas, essas que o cristianismo dourou de pecado. Não esse rebuscamento pequeno burguês de pintor rococó adquirido em cemitérios escolares do saber. E tenho dito –

3 comentários:

Rodrigo Adel disse...

Meu Deus. Mas quanto ódio nesse coração. Só porque um dia o poupadordeporra jogou a porra fora não significa que tudo está perdido. Afinal, essa é a lei: espermatozóides são feitos para serem desperdiçados. A concepção é a exceção.

Poupadordeporra disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
poupadordeporra disse...

Caríssimo Rodrigo, eu não poupo porra nenhuma. Diria até que sou perdulário de porra. Abração e concordo: "A concepção é a exceção".