Algumas banalidades, e porque o são, todos nós temos. Julgo ser necessário lembrar; logo no início dessa crônica, pois é fundamental e deve estar diante dos olhos de quem se proponha a ler esse textículo; que é "Feliz quem passa a vida sem provar a desgraça" . Não me olhe torto, por favor. Não é pedanteria barata.Tampouco trata-se de atenuar antecipadamente uma culpa ou, como já disse, querer arrotar erudição. É simplesmente uma ironia trágica. Embora haja um quê de psicologia de feira.
Também devo declarar que o único leitor familiarizado com meus clichês, não reconhece originalidade alguma nessas garatujas. Efetivamente é uma fala da Antígona de Sófocles. Em quase sete décadas de existência regrada e meditada, suponho que não falte testemunho de minha luta árdua, hoje resignação pura, em busca da "veracidade"mais que o desejo da "originalidade".
Indubitavelmente o drama contemporâneo não passa de um interlúdio supérfluo, assim como em Eurípides. O real e o ilusório se confundem com a música, mas a audiência hodierna não afina seus ouvidos e continua recitando, tecendo seu mito trágico. Com pilares deslocados, parte ainda mais o seu já multifragmentado objeto e supõe e impõe a relatividade de seu pensar. Um tempo de homens partidos, como já disse outro poeta, o de Itabira.
Partimos da premissa de que o conceito de pós-modernidade representa a realidade contemporânea em sua verticalidade cultural de uma sociedade chamada de pós-industrial, fragmentada e deslocada, como definido pelo papa pós-pop Stuart Hall. Estamos considerando uma série de relações, inclusive estéticas, que definem o final do séc: XIX e todo breve século, pois Charles Baudelaire, já na agonia romântica, vai pincelar os primeiros traços da definição estética de modernismo, sendo até possível considerá-lo como "precursor" do modernismo, pois aqui se inicia todo processo de despersonalização da lírica moderna. Ou seja, estamos tomando como pontapé inicial dessa trajetória moderna o poeta Charles Baudelaire, pois se há um pós-moderno, há um pré-moderno e um moderno.
A confusão reinante no uso desse termo é grande e para evitar maiores confusões peguemos uma data baixa. Consideremos como pré-modernismo todo alto romantismo, como moderno a reação iniciada por volta de 1910 contra os simbolistas e todos seus desdobramentos mais radicais das décadas seguintes, até mais ou menos final dos anos 50, início dos 60 do século XX. Pós, naturalmente, todas as mudanças sócio-culturais ocorridas a partir daí até hoje, primeira década do século XXI. Pode parecer um tempo demasiadamente alongado, mas torna-se imprescindível, para um trabalho sério, que assim seja. Creio ser impossível dissociar o final do novecentos, a Era dos extremos e este obscuro início de século XXI.
E essa é uma de minhas banalidades: dar tratos à bola em elocubrações inúteis, indignas de serem proferidas em voz alta. Na verdade é um verme individual, de enganosa lucidez.
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