sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

A Volta

Ela andava na minha frente como quem sorve a última gota de água em um dia se sol tórrido. Aquele trecho da W3 sul estava quase que completamente abandonado. As mazelas dos grandes centros... já as temos no jardim planejado do Planalto. Suas largas ancas acompanhavam o batuque imaginário de meus dedos. Ansiosos por dedilhar aquele couro macio e perfumoso. Os longos cabelos pretos escorregavam em uma sensual onda arrebentando em suas dunas perfeitas.

Estava tão absorvido por aquela visão Dionisíaca que nem percebi quando ela virou o rosto e me olhou furtivamente. Continuei em meu deurtiio lúbrico e mais uma vez não notei seu olhar. Finalmente saí de meu transe ao ouvir sua voz:

- Ô babão, vai ficar aí feito um palerma?

Meu susto não foi maior que minha vergonha. Senti-me, logo eu, um adolescente tímido olhando o nada e aparvalhado. Não durou muito meu estupor.

- Nada disso minha visão paradisíaca, sou seu servo.

Puta que pariu – pensei – que cantadinha cretina. No entanto, ela abriu uma gargalhada larga, como suas ancas, mostrando os incríveis dentes brancos contrastando com sua pele caramelizada.

- Você existe ou saiu de um filme de época?

E riu muito novamente, e ao fazer isso rodou nos calcanhares e seguiu seu caminho. E eu, abobalhado, permaneci colado naquela calçada que viu o parque nascer.

Pois é minha caríssima e única leitora, deixemos de lorota e vamos ao que interessa: essa historiazinha aí de cima é apenas para dizer que o poupadordeporra está de volta. A senhora não tem idéia – com acento – o sofrimento que é conseguir umas poucas linhas que corram livres em direção ao mar. Dito isto finalizemos com mais uma daquelas intermináveis promessas de início de anos: tentarei escrever mais vezes nesse espaço cibernético. Fui.

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