quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Maratona Etílica I

Às três da madrugada, depois de longo périplo pelas quebradas dos botecos, deitei-me. Durante o dia estive na catrevagem, dando início a maratona etílica. Meu horário sempre foi o de um profissional cioso de seus afazeres. Os ponteiros não mostravam mais que nove horas e um quarto da manhã. Lá estava eu bravamente postado no balcão, já que os companheiros de jornada tardavam, conversando com o Afrosinésio, dono do estabelecimento.

- Afro, anda logo com essa porra aí que já estou com síndrome de abstinência. Ó pá cá, ó. Tudo tremendo.

Convém deixar claro logo de cara que o capiau era mais negro que asa de tiziu e ostentava um corpanzil nada desprezível. Um verdadeiro armário de seis portas.

- Calma rapá! E afro é a puta que te pariu. Afrosinésio pra cabra safado como tu.

- Porra, já vi que brochou. A patroa não compareceu, né meu camarada?

- Lasquera, hora dessa da manhã e já agüentando manguaça.

- Que isso Afro, cê sabe que você é meu e boi não lambe.

- Mudando de pau pra cacete. Ontem teve a maior zica aqui no buteco. Neguinho tá a fim de pegar o professor.

- Professor de merda nenhuma! O cara é uma anta e já tá mais que na hora de correr com ele daqui. Até jogo lenha na fogueira se preciso for.

- Dessa vez o cara provocou o ceará e o bicho ficou danado. Jurou ele. Rapá, o cara é bruto que só a porra. Se eu fosse o professor caçava beco ligero.

- Afro deixa essa porra pra lá que isso não me diz respeito e me diz se aquela gata lembra? A de quinta-feira. Ela deu os ares daquela bunda maravilhosa por aqui de novo? Cê viu só? A puta me deu o maior mole, me agarrou, me beijou, pegou na minha pica e na hora do vamo vê deu na carreira. Porra fiquei puto. Nem o telefone quis me dar. De pau na mão, na maior covardia e sem telefone. Não me deu nada. Mas ela volta, eu sei.

- É, essa foi foda. A moçada já tava sacaneando, rolou até uma aposta se era pra viagem ou se ia comer aqui.

- Bem que eu tentei, mas ela não quis. Argumentei que a mesinha era ideal. Escondida, ninguém ia ver. E eu sabendo que todo mundo já tava de olho. Queria mesmo é ter dado um espetáculo pra esses punheteiros desses seus clientes.

- Meus clientes e seus amigos.

Nisso chegou o primeiro representante da trupe e nos sentamos. Mas isso já é outra estória.

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