quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

“Barulhos Constrangedores”

A propósito de certa notícia veiculada pela imprensa local, me lembrei de um episódio ocorrido comigo. Durante algum tempo morei no Edifício Jardim Tropical, em Brasília. Em minhas intermináveis mudanças por essas terras de Pindorama manhosa e cheia de mazelas, essa estadia na 516 sul me rendeu momentos insólitos. E é um deles que pretendo relatar nesse textículo mal alinhavado. Tinha como vizinhos um casal que ao transar provocava verdadeiro terremoto na vizinhança. Os caras gritavam, urravam, xingavam em altos brados. Isso chegou aos ouvidos da Delegacia de Costumes e Diversões Públicas, mas não deu em nada, pois a síndica ficou só e os gritos e "barulhos constrangedores", como dizia a mandatária daquela pequena cena urbana, continuaram não sei por quanto tempo, já que eu mudei logo após o caso que vou contar.

Para mim o único inconveniente do casal era quando eu estava a perigo, se é que minha delicada e pudica leitora me entende. Quando o ruidoso amor começava, já estava pronto para iniciar mais uma covardia. Perdi a conta das vezes em que eu não poupavaporra nenhuma e no embalo da "perturbação da tranqüilidade" descascava mais uma banana em homenagem ao casal voraz. Cumpre esclarecer que, digamos assim, a atividade sexual dos dois era de maratonista. Mas vamos ao que interessa.

De certa feita arrumei uma namoradinha e não sei por que cargas d'água a levei para minha casa. Acho que eu estava meio enamorado. Estávamos lá no maior bem bom quando os maratonistas dos prazeres carnais começaram seu treinamento. A moça, Alcibilina, quando escutou os primeiros ruídos arregalou os olhos e foi na mesma balada. Iniciou uma gemedeira como se estivesse conversando com a colega ao lado. A vizinha aumentou os impulsos guturais e Alcibilina atrás. Até que minha companheira se levantou e disse de maneira peremptória.

- Vamos lá chamar eles.

- O quê? É mesmo? – Disse eu com uma incredulidade causando espanto e fazendo aflorar um sorriso cínico nos lábios. Jamais poderia imaginar que aquela patricinha estava tomando uma atitude que pensei várias vezes em tomar: propor um ménage. Agora iria virar swing. Legal, vamos ver no que vai dar, pensei cá com meus botões.

- Nada! Deixe de caretice e vamos entrar na festinha. Que por sinal parece estar muita animada.

Dizendo isso, sem ao menos colocar uma roupa, foi bater na porta dos vizinhos. Mas isso já é outra estória. Fui!

Um comentário:

V. disse...

Ri muito...muito mesmo!
Gostei do blog... certamente o visitarei mais vezes ;)
Abraço!
Vanessa