quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Fábula Amoral

Aproveitando o gancho da crônica anterior, mudei a foto em homenagem à derradeira florada do ano. Que, aliás, foi pródiga e exuberante. Tendo deixado o arraial pintado de amarelo, rosa, branco, roxo e azul. Um oásis se abriu na seca do cerrado, como costume anual. É na estiagem que floresce a vida. Na pele terra-casca calcinada pelo sol o cerrado transborda cores.
Depois de tudo isso só me resta uma explicação; eu, o narrador; afinal terminei a última crônica dizendo desconhecer a cidade e seus arrabaldes. Além disso, inicio essa com um textículo soando como loa à natureza ressequida de seu solo. Meu par de leitores certamente já não se incomoda mais com essa lenga lenga e ignora solenemente tais incongruências. Diante disso me furto a explicação, já que tenho apenas os citados leitores. Pensando melhor, cabe sim uma palavrinha. Vai que aparece um outro tresloucado para ler esses arrazoados. Reiteradas vezes foi dito aqui nesse espaço cibernético que a confusão habitual é uma tensão sem resolução, ou seja, uma cadência extendida de dominante reinando soberana nessas narrativas. Seja o poupador, o autor, o narrador, o dono da senha, os convidados, enfim, seja quem for a digitar, sempre estará presente a confusão. Vários exemplos estão disponíveis para o leitor arguto e cioso da ciência da escrita confirmar a veracidade do que digo.
Um emaranhado de sandices prolifera rumorejando sua empáfia literária. Eis ao que se resume esse monte de rabiscos. Como até já notado pelo próprio autor. Creio ser ele o sujeito mais capacitado para esclarecer os pobres mortais que, tal qual a mim, arriscam um salto no escuro.
Não querendo mais tomar o tempo precioso de meus dois únicos leitores, dou por finada mais essa fábula sem moral.

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