domingo, 19 de julho de 2009

Supremo e Sublime Deleite.

Morar sozinho tem inúmeras vantagens. Tem lá seus percalços também, mas fiquemos com os benefícios. Dentre jogar cueca na sala, deixar esparramado o jornal, mijar fora do vaso, deixar a toalha na cama e tantas outras, não há uma sequer que se compare ao prazer de devorar uma melancia da maneira que lhe convier. E a minha é do centro, a parte mais docinha, para fora.

Nunca consegui entender a mania das mulheres em quererem que tiremos uma fatia, uma mísera pontinha do meio. Acho até que é um traço típico da personalidade feminina. Em minha convivência com elas estabeleci um método infalível. Tiro metade para mim e engulo ao meu modo. Esclareço, ainda, que não há remédio melhor para uma ressaca que uma suculenta melancia sendo comida de dentro para fora. Imagina só: você numa puta ressaca deliciando-se com uma baita de uma polpa vermelha e sua mulher te aporrinhando:

- Porra poupador, vê se tira uma fatia para você. Será que você não pensa que outros querem a parte mais doce? Vai deixar só o toco próximo da casca?

Até tiro o jornal da sala, mas deixar o remédio de um moribundo para satisfazer o andamento perfeito do convívio? Jamais! Declaro-me guerreiro de um direito divino: consumir o essencial da erva trepadeira. Se for sem caroço então... Supremo e sublime deleite.

Aparentemente é um assunto fora de propósito, mas se meu dedicado leitor observar com acuidade; é melhor não dirigir-me à minha leitora, pois creio que esse textículo não esteja ao seu gosto; verás que o tema é do mais profundo interesse. Veja bem você: a metafísica que há em se comer melancia é a mesma dos chocolates, desculpe-me Campos, mas lembrei-me da tabacaria. Foi bom, porque assim não perdemos a visão de nosso oposto. O que é curioso é que nós, os descasados, estejamos ocupado, eu em falar de melancia, você em ler sobre. Acho que ainda não disse que meu único leitor é mais um ex nas estatísticas. Acho que o melhor é acabar e te dizer adeus. Adeus, caro leitor; se aqui vieres uma dia, pode ser que não ache o texto tão limpo, mas o coração é.

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