quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Libório

Meu nome é Libório, sou proprietário de uma grande distribuidora e podia me dar ao luxo de ficar o dia inteiro na rodoviária do plano piloto. Tratava-se de um de meus velhos hábitos, quando não tinha o que fazer em casa nem no escritório, passava as horas admirando as mocinhas em seus trejeitos sensuais. Procurava abordar as mais humildes e bobinhas, pois elas estavam mais propensas a aceitarem meus galanteios. Há uns cinco anos atrás, no mezanino, entre as escadas rolantes, tive uma visão inesquecível, tal era a beleza da fêmea. Oh! As suas belas madeixas fizeram com que eu parasse para recuperar o fôlego! Era um regalo poder ver todos os olhos voltando-se para aquele belo exemplar da espécie feminina. Parecia uma odalisca devassa.

Passei a cercar a caça. Observei detalhadamente seus gestos, olhares e o que fazia. Após ter tomado todos os apontamentos necessários, não titubeei e me aproximei com uma conversa fiada de dar vergonha no conquistador mais vulgar. Como eu havia visto minha deusa comprar passes para a Ceilândia não tive dúvidas em perguntar onde se comprava passes para a cidade. No que fui pronta e graciosamente atendido. Para não perder o fio da meada lancei mais uma pergunta sobre o endereço para o qual eu estava indo. Desnecessário dizer que sou profundo conhecedor do Distrito Federal, não só de Ceilândia. As cidades satélites me eram bastante familiar.

Não foi difícil iniciar uma conversa. Faz-se necessário dizer que o destino me foi favorável, já que o endereço que eu assuntei era próximo de sua casa, o que me facilitou e muito a vida. Fomos deliciosamente sentados juntos. Não perdi tempo e me fiz solícito, educado, engraçado, atencioso, enfim, um perfeito cavalheiro. Quando descemos a convidei para um lanche. Mais uma vez o destino veio me felicitar. Havia próximo um lugarzinho na medida para deixar a ninfeta deslumbrada. Aconchegante e bem simples, como seu belo sorriso sempre com um ar matinal. Eu sabia que ela ia gostar, e muito. Provavelmente nunca tinha ido lá, embora o conhecesse, pois os preços eram proibitivos, não obstante o aspecto simplório do lugar. A comida era de excelente qualidade e eu sabia disso. "Muito bacana do plano baixa aqui pra rangar. Alguns até com seguranças". Falou-me ao ver aonde iríamos.

Foi o início de minha queda, mas isso fica para depois. O espaço narrativo que me foi concedido ficou pequeno. Quem sabe o poupadordeporra não deixe eu terminar amanhã, ou mesmo depois.

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